Da punição à descapitalização:
O enfrentamento à criminalidade organizada na contemporaneidade
DOI:
https://doi.org/10.56081/revsusp.v3i1.619Palavras-chave:
Descapitalização; Organizações criminosas; Política criminal; Segurança pública.Resumo
O artigo perspectiva os desafios impostos às ciências criminais no enfrentamento ao fenômeno da criminalidade organizada na contemporaneidade. Partindo de algumas críticas ao modo como o Direito Penal e o Direito Processual Penal têm reacionado às novas formas assumidas pela criminalidade, o estudo evidencia que os novos rumos político-criminais – alicerçados no recrudescimento das medidas punitivas e em medidas que, não raramente, assumem um viés meramente simbólico – podem implicar a produção de riscos político-criminais, que colocam em xeque o modelo de exercício do poder punitivo característico de um Estado Democrático de Direito, alicerçado em garantias. Diante deste panorama, o texto apresenta a descapitalização das organizações criminosas como uma medida de enfrentamento mais efetiva e racional a essa forma de criminalidade, apresentando algumas alterações legislativas já operadas no ordenamento jurídico brasileiro com esse escopo. Ao final, o estudo destaca a necessidade de uma atuação coordenada entre forças de segurança, instituições de justiça, inteligência e autoridades financeiras. O estudo é perspectivado pelo método dedutivo pela técnica de pesquisa bibliográfica-documental.
Referências
ALBRECHT, Peter-Alexis. El derecho penal en la intervención de la política populista. In. ALBRECHT, Peter-Alexis. La insostenible situación del derecho penal. Granada: Editorial Comares, 2000.
AMBOS, Kai. Derecho Penal del Enemigo. Derecho penal del enemigo: el discurso de la exclusión. Buenos Aires: B de F, 2006.
BARATTA, Alessandro. Nuevas reflexiones sobre el modelo integrado de las ciencias penales, la política criminal y el pacto social. In: Criminologia y Sistema Penal. Buenos Aires: Editorial B de F, 2004.
BECK, Ulrich. Sociedade de Risco. São Paulo: Editora 34, 2010. BRASIL. Decreto nº 5.015 de 12 de março de 2004. Promulga a Convenção das Nações Unidas contra o tráfico Transnacional. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm . Acesso em: 14 out. 2024.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ del2848compilado.htm . Acesso em: 13 out. 2024.
BRASIL. Lei nº 10.792, de 1º de dezembro de 2003. Altera a Lei no 7.210, de 11 de junho de 1984 - Lei de Execução Penal e o Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.792.htm . Acesso em: 14 out. 2024.
BRASIL. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção de prova, crimes correlatos e o procedimento criminal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm . Acesso em: 13 out. 2024.
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm . Acesso em: 13 out. 2024.
BRASIL. Lei nº 12.694, de 24 de julho de 2012. Dispõe sobre medidas de enfrentamento a organizações criminosas. Disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12694.htm . Acesso em: 13 out. 2024.
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei, cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613compilada.htm . Acesso em: 13 out. 2024.
CALLEGARI, André Luís. A concretização dos direitos constitucionais: uma leitura dos princípios da ofensividade e da proporcionalidade nos delitos sexuais. Direito Penal em Tempos de Crise. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
CALLEGARI, André Luís. Direito penal econômico e lavagem de dinheiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
CALLEGARI, André Luís. Legitimidade constitucional do direito penal econômico: uma crítica aos tipos penais abertos. São Paulo: Revista dos Tribunais, ano 95, v. 851, 2006.
CALLEGARI, André Luís; MOTTA, Cristina Reindolff. Estado e política criminal: a expansão do direito penal como forma simbólica de controle social, política criminal, estado e democracia, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito penal do inimigo. 2. ed. Tradução: André Luís Callegari e Nereu José Giacomolli. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
CANCIO MELIÁ, Manuel. El injusto de los delitos de organización: peligro y significado, en Política Criminal, Estado y Democracia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.
CARBONELL MATEU, Juan Carlos. Derecho penal: concepto y princípios fundamentales. 3. ed. Valencia: Tirant lo Blanch, 1999.
CHOCLÁN MONTALVO, José Antonio. La organización criminal. Tratamiento penal y procesal. Madrid: Dykinson, 2000.
COMPLOIER, Mylene. O papel da atividade de inteligência financeira na prevenção e repressão aos crimes praticados por organizações criminosas. Tese (Doutorado em Direito Político e Econômico) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019. Disponível em:https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_ servicos_produtos/bibli_boletim/2019_Boletim/Bol24_02.pdf . Acesso em: 14 out. 2024.
DÍEZ RIPOLLÉS, José Luis. De la sociedad del riesgo a la seguridad ciudadana: un debate desenfocado, Derecho Penal y Política Transnacional. Barcelona: Atelier Libros Jurídicos, 2005.
DÍEZ RIPOLLÉZ, José Luis. La racionalidad de las leyes penales. Madrid: Trotta, 2003.
DINIZ, Bruno Freire. Novas Perspectivas na Investigação da Criminalidade de Massa e sua Importância para o Enfrentamento do Crime Organizado. Revista Brasileira de Ciências Policiais, Brasília, Brasil, v. 8, n. 1, p. 183–207, 2017. Disponível em: https://periodicos.pf.gov.br/index.php/RBCP/article/ view/497 . Acesso em: 14 out. 2024.
DONINI, Massimo. Drecho penal del enemigo: El discurso penal de la exclusión. V. 1. Buenos Aires: B de F, 2006.
GARLAND, David. La cultura del control. Traducción: Máximo Sozzo. Barcelona: Editorial Gedisa, 2005.
GIACOMOLLI, Nereu José. Legalidade, oportunidade e consenso no processo penal nas perspectivas das garantias constitucionais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
HASSEMER, Winfried. Persona, mundo y responsabilidad. Valencia: Tirant lo blanch alternativa, 1999.
JAKOBS, Günther; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo: noções críticas. Tradução: André Luís Callegari e Nereu José Giacomolli. 1. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005.
JESCHEK, Hans-Heinrich. Tratado de derecho penal: parte general. 4. ed. Traducción: José Luis Manzanares Samaniego. Granada: Editorial Comares, 1993.
KARAM, Maria Lúcia. A esquerda punitiva: 25 anos depois. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2021.
LARRAURI PIJOAN, Elena. Populismo punitivo y penas alternativas a la prisión, em Derecho penal y la política transnacional. Barcelona: 2005. MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. São Paulo: Atlas, 2015.
PÉREZ CEPEDA, Ana Isabel. La seguridad como fundamento de la deriva del derecho penal postmoderno. Madrid: Iustel, 2007.
PLANET ROBLES, Sílvia. Políticas de seguridad y prevención en el Estado español en materia de delincuencia organizada. La seguridad en la sociedad del riesgo. Un debate abierto. Barcelona: Atelier, 2003.
PRATT, John. Penal populism: key ideas in criminology. Canada: Routledge, 2007.
PRITTWITZ, Cornelius. La desigual competencia entre seguridad y libertad. Política Criminal, Estado e Democracia. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2007.
RODRÍGUEZ MOURULLO, Gonzalo. Derecho penal. Madrid: Civitas, 1978.
ROXIN, Claus. Derecho penal: parte general. Tomo I. Traducción: DiegoManuel Luzón Peña, Miguel Díaz y García Conlledo y Javier de Vicente Remesal. Madrid: Civitas, 1997.
SILVA-SÁNCHEZ, Jesús-María; FELIPI SABORIT, David; ROBLES PLANAS, Ricardo; PASTOR MUÑOZ, Nuria. La ideología de la seguridad en la legislación penal española presente y futura. La seguridad en la sociedad del riesgo. Un debate abierto. Barcelona: Atelier, 2003.
UNITED NATIONS. United Nations Convention against Transnational Organized Crime and the Protocols Thereto. New York: United Nations, 2000. Disponível em: https://www.unodc.org/documents/treaties/UNTOC/Publications/TOC%20Convention/TOCebook-e.pdf . Acesso em: 13 out. 2024.
UNODC. United Nations Office On Drugs And Crime. Organized crime. United Nations, 2023. Disponível em: https://www.unodc.org/unodc/en/organized-crime/ index.html . Acesso em: 13 out. 2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista do Sistema Único de Segurança Pública
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.